Salgados

Costelinhas em molho de tomate e pimento

ALENTEJO

Folheia-se o caderno e eis o sul
E o sul é a palavra. E a palavra
Desdobra-se
No espaço com suas letras de
Solstício e de solfejo
Além de ti
Além do Tejo.

Verás o rio e talvez o azul
Não o de Mallarmé : soma de branco e de vazio
Mas aquela grande linha onde o abstracto
Começa lentamente a ser o
Sul.

Outro é o tempo
Outra a medida.

Tão grande a página
Tão curta a escrita

Entre o achigã e a perdiz
Entre o chaparro e o choupo

Tanto país
E tão pouco

Solidão é companheira
E de senhor são seus modos
Rei do céu de todos
E de chão nenhum

À sombra de uma azinheira
Há sempre sombra para mais um

Na brancura da cal o traço azul
Alentejo é a última utopia

Todas as aves partem para o sul
Todas as aves : como a poesia.

Manuel Alegre (in Alentejo e ninguém) 

pimenta rosa – fruto da “Schinus molle” ou aroeira-salso. Fotos tiradas em Montemor-o-Novo

Sempre que passo no Alentejo fico com uma vontade enorme de lá ficar! E ando sempre vários dias a pensar nisso. Penso na paisagem, nos sons, nos cheiros, – cheira-me a “quente” e a terra – nos alentejanos e na gastronomia, claro!

Bem, ainda não foi desta. Mas quem sabe um dia!

Embora não sendo a mesma coisa dá para atenuar a distância, trazendo à mesa um pouco daquela região. Assim que cheguei preparei uma açorda! Já a partilhei aqui convosco.

Agora foi a vez do porco. Fui ao talho para ver o que lá havia que me atraísse mais e os olhos cairam nas tiras de costelinhas. Então, disse ao senhor: Quero duas tiras de costelinhas, mas que tenham alguma carne.
Resposta dele: “Piano com teclas, é o que lhe chamo”! “É que as outras nem dão para tocar piano”.

Achei piada e lá concordei com ele! Serviu-me bem e ainda me sugeriu um “petisco” (dito por ele), feito com costelinhas panadas. Nunca fiz, mas fiquei curiosa.
Disse-me para marinar bem a carne, para a panar e depois escorrer muito bem o óleo da fritura. Humm, nem deve ser nada mau não 😀

Ao chegar temperei logo a carne, para ela se apanhar bem dos sabores do tempero. Andava mortinha por usar a pimenta rosa que trouxe da viagem, como se nunca tivesse experimentado esta especiaria…

O que usei no tempero:

  • sal marinho
  • alho
  • pimenta rosa
  • alecrim
  • tomilho
  • oregãos
  • sumo de limão
  • sumo de laranja

Deixei a taça no frigorífico, tapada, cerca de 3 horas. A seguir foi só juntá-la ao molho de tomate, cuja receita vos deixo abaixo, preparada para robot de cozinha. Mas que também podem preparar de forma tradicional, como já partilhei a receita cá no blogue.

Receita criada para o robot Companion XL

 

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Molho de tomate com pimento

 

Ingredientes:

  • 1 Kg de tomates maduros
  • 1 cebola grande
  •  3 dentes de alho
  • 1/4 pimento vermelho
  • 1/8 pimento verde
  • Azeite q.b
  • Sal q.b
  • Manjericão, orégãos, tomilho e alecrim q.b
  • 1 folha de louro 
  • 1 colher (chá) de açúcar (para cortar a acidez – opcional)

 

Preparação:

Comece por preparar os tomates, lavando-os e dando-lhes um pequeno golpe em cruz no topo. Ponha-os numa taça, regue com água a ferver e escalde-os durante uns 2 ou 3 minutos, para posteriormente lhes tirar a pele.
Depois de pelados corte-os ao meio, um a um, e retire as sementes. Faça esta operação dentro de um coador para poder aproveitar todo o sumo que libertarem. Reserve esse sumo.

Prepare os pimentos cortando-os em pedaços pequenos e inicie a confecção do molho. 

Na taça da Companion XL, munida da lâmina picadora, coloque a cebola e o alho. Triture, pulsando o botão da velocidade, durante alguns segundos. Regue com um fio de azeite e programe velocidade 4, temperatura 80, 4 minutos. Junte uma folha de louro, o pimento e programe velocidade 4, temperatura 80, 4 minutos.

Adicione o tomate, o seu sumo, tempere de sal e aromáticas a gosto. Prove e se achar que está ácido adicione o açúcar. Tape e seleccione o programa Slow Cook P3, 95º, 20 minutos. 

Quando o molho estiver pronto deixe na taça o suficiente para cozinhar a carne e guarde o restante em frascos esterilizados. 
NOTA: pode usar este molho em carne, peixe, massa, pizza, etc…

Retire a lâmina picadora e disponha as costelinhas na taça, lado-a-lado. Tape e seleccione o programa Slow Cook P2, 95º, 45 minutos.

NOTA: se no final do tempo achar que prefere a carne mais tenra volte a seleccionar o programa P2 e reduza o tempo para 30 minutos.

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