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Capão à Freamunde – XIII Semana Gastronómica

Capão à Freamunde – confeccionado pelo Chef Vitor Brito, restaurante a.rei.a

A
convite do Turismo Porto e Norte e da Câmara Municipal de Paços de
Ferreira, estive presente na Apresentação da XIII Semana Gastronómica do
Capão à Freamunde. 

Nesse
evento, como vem sendo habitual, quando participo nestas press trip /
fins de semana gastronómicos, confirmo com uma convicção crescente que
se come muistíssimo bem em Portugal. E, como se isso não fosse motivo
suficiente, há imenso que ver e fazer nestas nossas lindas regiões.
Tudo apela a que visitemos, provemos e bebamos o que o nosso país tem
para nos oferecer!

Bem, mas falemos do que me trouxe aqui: O Capão (incluindo a sua receita) e a Feira dos Capões/ Feira de Santa luzia.  

O jantar alusivo decorreu no restaurante “a.rei.a” onde foram também
apresentados 3 novos embaixadores do Capão: Isabel Pires, Manuel Serrão e
António Loureiro. Todos eles prometeram defender e promover esta
iguaria por onde andarem. 

Historial do capão

A
origem do capão remonta aos tempos romanos diz-se que na Roma antiga, o
cônsul Caio Cânio, restringido nas suas horas de sono, pelo alvorecer
sonoro dos galos, teria conseguido fazer aprovar uma lei no senado que
proibia a existência dos galináceos, no perímetro urbano da cidade.
Privados
do prazer da sua carne, os súbditos logo inventariam uma forma
engenhosa de contornar a disposição legal – capando os galos. Surgia
assim o capão, o sápido eunuco que, na sua nobreza e requinte, se tornou
comparável ao faisão, à perdiz e à galinhola.
Diz-se que
desvirilizados, eles pararam de cantar, para consolar a perda da função,
começaram a alimentar-se compulsivamente e a engordar bastante. Ao
serem abatidos, mostraram-se iguarias sublimes. Os romanos descobriram
que quanto mais cedo fosse realizada a castração, melhor seria o sabor
da carne.

E, pelos caminhos de Roma, chegaria até nós este costume
e este processo que enriquecia a gastronomia e a alimentação da região,
acrescentando-lhe nova e delicada iguaria.
Vários autores se
referiram ao capão como “Manjar dos Reis” em suas obras, mereceu atenção
de Gil Vicente, D. Francisco Manuel de Melo, Camilo Castelo Branco e
Eça de Queirós.

Mas para que o deleite seja maior e saboreado como um manjar real e sublime, deve ser preparado “à Freamunde”.

A par de uma riqueza nutritiva e um sabor delicado, as suas origens fazem parte do património lendário da região.

 

Feira dos Capões/ Feira de Santa luzia


Instituída por provisão régia d’ El-Rei D. João V, a 3 de Outubro de 1719, “rezestada
na chancellaria Mor da Corte e Reino no livro de offícios a mercês a
folhas quarenta e oito; em Lisboa occidental dois de Novembro de mil
setecentos e dezanove(…)”

Alguns historiadores referem que “a
Feira dos Capões já se realizava no séc. XV. Ainda nos dias de hoje em
Freamunde, a “Feira dos Capões” realiza-se a 13 de Dezembro, e coincide
com a data em que a liturgia católica venera Santa Luzia, a protetora da
visão. Os alegados motivos de atração de milhares de Forasteiros à
Cidade de Freamunde, é o da compra dos capões aliando também a fé
religiosa, venera-se na capelinha de Santo António, situada no mesmo
terreiro da feira.
Para os boémios, manda a tradição que seja os
primeiros fregueses da afamada “Barraquinha das Festas Sebastianas”,
onde servem rojões, fêveras …. regadas com o novo verde tinto da região
que é de praxe.
A Feira conta com a eleição do melhor “Capão Vivo” no
sentido de dar a conhecer a especificidade deste produto que, se não
for bem castrado, não ganha determinadas características, sendo nesse
caso chamado “Rinchão”.

 

 

Receita tradicional

capão à Freamunde

Embriaga-se o Capão com um cálice de Vinho do Porto e passada meia hora, mata-se, depena-se, abre-se e lava-se.

Depois
de estar em água fria com rodelas de limão, cerca de uma hora, põe-se a
escorrer e mergulha-se em “vinha de alho” (molho de vinho branco,
algumas colheres de azeite, sal e pimenta e vários dentes de alho
esmagados).

Deve permanecer neste molho, de véspera, e proceder-se a diversas viragens, esfregando o Capão.
No
dia de o consumir, põe-se ao lume uma caçarola com azeite, gordura de
porco e cebolas às rodelas. Quando a cebola está estalada, deita-se uma
boa colher de sopa de manteiga, 2,5 dl de vinho branco e sal q.b..

Escorre-se
o capão, esfrega-se todo com este novo molho e recheia-se com “farófia”
e um picado feito com os “miúdos” do capão e bocadinhos de salpicão e
presunto.

Coloca-se na assadeira, de preferência uma
“pingadeira de barro”, e leva-se ao forno a assar lentamente, picando-se
com um garfo de vez em quando, ao mesmo tempo que se rega com o molho
da assadeira. A operação de picar com o garfo deve ser cuidadosa para
não ferir a pele que deve ficar estaladiça e loura.

Semana gastronómica

capão à Freamunde

Iniciou-se em 2006 e conta com a
parceria de vários restaurantes do concelho que aderem à iniciativa.
Actualmente conta com 8 anos de existência e foi alargada a duas semanas pela
imensa procura que tem. 
Um dos pontos altos da Semana
Gastronómica é a 12 de Dezembro, com o Concurso Gastronómico / Jantar “Capão à
Freamunde”. Neste evento, os restaurantes aderentes levam o seu capão a concurso,
onde o prato é apreciado e avaliado por um júri, sendo posteriormente
comunicado o vencedor no Jantar e entregues os respetivos prémios. O Jantar é
um momento sublime de degustação desta tão mui nobre iguaria. É mais uma
oportunidade para a promoção deste prato que encanta apreciadores e cujo
produto se encontra certificado como Indicação Geográfica Protegida (IGP) pelo
despacho nº4253 de 7 de Março de 2011. 
Diz o provérbio popular “Do
frango capão a perna, e da galinha o peito”. Excelente assado, com ou sem
recheio, coleciona apreciadores famosos. O escritor Camilo Castelo Branco,
autor de Amor de Perdição (1862), aconselhava-o ligeiramente flambado com
aguardente velha e conduzido à mesa com a pele estaladiça. Historial do Capão.

NOVIDADE!

Uma
das grandes novidades é a introdução de um selo identificativo da ave,
com a colocação de uma anilha, passando a partir de agora a existir um
“bilhete e identidade” do Capão de Freamunde. Só podem entrar no
Concurso de melhor Capão Vivo as aves com “BI”. O Capão à Freamunde tem a
denominação de Indicação Geográfica Protegida (IGP), atribuída pela
Comissão Europeia.

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